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Velocidade do Obturador 

Olá leitores:

A fotografia se baseia num tripé de luz: ISO, Velocidade e Abertura.

Chama-se  “Lei da Reciprocidade Fotográfica”.

Hoje falaremos sobre a VELOCIDADE DO OBTURADOR.

Vou me apropriar e expandir a ilustração do fotógrafo David Prakel, existente no livro “Fundamentos da fotografia criativa” (Faz parte da minha biblioteca, é muito bom).

Imaginemos duas fatias, uma com pão de forma integral e outra com pão de forma tradicional, branquinho (tipo “Pullman”).

Para deixar as duas fatias torradas no mesmo grau, a de pão branco é mais sensível e torra com mais facilidade. Tem um “ISO” mais alto.

Já a do pão integral é mais difícil de ser sensibilizada. Tem um “ISO” mais baixo.

Agora vamos aquecer a resistência da torradeira.

Para deixar a torrada ficar no ponto desejado, podemos:

a) Deixar mais tempo torrando (velocidade) ou

b) Ajustar o termostato para mais intensidade (abertura). Vamos escolher a “a”.

Há várias questões relacionadas com a velocidade:

1- Qual é o objetivo da foto?

2- Usarei tripé ou outra forma de apoio, ou será tirada na mão?

3- Terei a ajuda de flash ou outra iluminação auxiliar?

4- Principalmente: Qual é a relação com a abertura?

Vou comentar cada uma das variáveis.

Notem as duas fotos:

Na primeira foto, o objetivo foi tentar congelar as gotas. Velocidade alta (1/4000s).

Na segunda, o objetivo foi tentar fazer um véu. Velocidade baixa (1/13s)

Nas fotos em questão não existia tripé, é claro, então a velocidade mínima seria restrita ao que é possível segurar com algum apoio possível, sem tremer.

Em um wokshop, um fotógrafo afirmou segurar a câmara na mão com velocidades inferiores a 1/15s. Se ele disse, acredito.  : (  . Alguns realmente conseguem segurar a 1/30s. Parabéns.

Mas para as pessoas normais, duas regras básicas:

Sem apoio, nunca a menos de 1/60s;

Calcule os mm de sua lente, incluindo o fator de corte do sensor (se for zoom, o zoom que estiver usando no momento).

Por exemplo, digamos que você tem uma máquina “cropada” (não full frame ou full size), como as Rebels da Canon ou DX da Nikon, e está usando uma lente 50mm.

A velocidade mínima que você poderia usar a máquina Canon na mão seria 50 x 1,6 (Nikon= 1,5) = 1/80s .

Uma zoom da Canon 55-250 a 200 mm: 1/320s.

Com o estabilizador de vibração ligado, talvez pudesse aumentar a velocidade em um ponto, ou seja, para 1/160 s.

Mas se puder usar tripé, aí a coisa melhora bastante (nesse caso, desligue o estabilizador).

Ah, outra dica:

O grande segredo de disparar sem tremer é apertar o botão até a metade, pausar e depois completar com um gesto contínuo e lento, e não soltar o botão até ter certeza que a foto foi feita. O movimento de apertar e soltar é o causador de grande parte da instabilidade.

Pode-se também utilizar o retardador de disparo em 2s (lembra-se alguma vez de correr para sair na foto?) ou um disparador por cabo ou infravermelho.

Quando utilizamos flash, paramos o movimento, assim fotos com velocidades mais rápidas podem ser usadas em lugares escuros. Só lembrando que o flash mal utilizado “mata” a foto por “chapar“ a pessoa e destruir o fundo, deixando tudo escuro. (Vela mais sobre flash AQUI )

Outro detalhe muitas vezes esquecido: normalmente só se pode utilizar o flash para velocidades mais lentas que 1/200s ou 1/250s, senão não dá tempo do obturador abrir e fechar e registrar a luz do flash. Como resultado, uma parte da foto ficará totalmente escura.

A abertura da objetiva está intimamente relacionada com o estilo da foto, assim se o movimento a ser registrado não for importante, normalmente é a abertura quem definirá a velocidade. É por isso que muitos profissionais utilizam o modo semiautomático AV ou A (Prioridade de Abertura)

Em geral, os modos totalmente automáticos muitas vezes pecam por calcularem velocidades muito baixas de obturação.

Assim, quando for necessário, aumente o ISO. Ou use o flash (bem aplicado). Ou os dois.

Tomando esses cuidados, as chances de sua foto sair tremida será bem reduzida.

Até o próximo assunto.